A ONU Mulheres revela que 30% das novas infecções por VIH em Moçambique ocorrem em mulheres jovens, sublinhando as sérias desigualdades de género no país.
Em Moçambique, as mulheres jovens e adolescentes, que correspondem apenas a 10% da população, são responsáveis por quase 30% das novas infecções por VIH. Esta informação foi divulgada hoje pela ONU Mulheres, que enfatiza a gravidade da situação.
De acordo com a organização das Nações Unidas dedicada à igualdade de género, este dado é "alarmante" e destaca as "desigualdades de género profundas" que continuam a expor mulheres e raparigas a uma vulnerabilidade significativa.
A ONU Mulheres propõe a necessidade de incorporar a "perspectiva de género em todas as estratégias de saúde pública" e incentiva a liderança parlamentar como parte essencial da luta contra a epidemia. "Nenhuma resposta ao VIH será eficiente se não promover a igualdade", salientou.
Moçambique é classificado como o terceiro país com maior número de pessoas infetadas pelo VIH e o segundo em novas infecções de Sida a nível global. O relatório apresentado no parlamento, indicava que "as raparigas adolescentes e mulheres jovens" são as mais atingidas pela pandemia do VIH.
O documento apresentado durante a I Sessão Ordinária da Assembleia da República em Maputo apontou que existem entre 2,3 a 2,6 milhões de pessoas vivendo com VIH no país, incluindo entre 125.000 a 170.000 crianças. A prevalência da doença entre indivíduos com mais de 15 anos é de 12,5%, sendo superior nas mulheres (15%) do que nos homens (9,5%) na mesma faixa etária.
As raparigas adolescentes e mulheres jovens entre os 15 e os 24 anos estão entre os grupos mais afetados, com aproximadamente 23 mil novas infecções registadas em 2023, o que equivale a uma taxa três vezes superior à observada em rapazes e jovens da mesma idade, conforme expõe o relatório.