Com a XVII legislatura a iniciar, 44 novos deputados tomam posse com um misto de responsabilidade e entusiasmo, focando-se nos desafios que se avizinham.
Na Assembleia da República, um placar na antecâmara da Biblioteca Passos Manuel exibe uma frase memorável de Francisco da Costa Gomes, ex-Presidente da República: "Senhores deputados, nós e o futuro". Hoje, este local recebe os 230 deputados eleitos na sessão inaugural da XVII legislatura, numa tradição que se mantém.
Durante o dia, os estreantes desfrutam de um acolhimento oficial, onde se preparam para a nova função, desde a emissão dos cartões de deputado até ao preenchimento de formulários. João Pedro Louro, líder da Juventude Social-Democrata e novo deputado, expressou à Lusa a sua "grande responsabilidade em representar o povo português", salientando a importância de dar voz às novas gerações.
As prioridades de Louro incluem a criação de um sistema educativo e um mercado de trabalho mais "flexíveis", além da defesa da "proteção digital" de crianças e jovens. Ele espera que a legislatura prossiga até ao fim "pela estabilidade e pela governação".
Ricardo Lopes Reis, novato pelo Chega, já mostra familiaridade com os procedimentos da casa, tendo sido assessor do partido anteriormente. Após uma polémica sobre os comentários que fez no Twitter sobre a morte de Odair Moniz, afirmou ter esclarecido a situação com o líder do Chega, André Ventura. Para Lopes Reis, a prioridade agora é "trabalho, trabalho, trabalho", sentindo um "grande sentido de responsabilidade".
Por outro lado, Eva Cruzeiro, do PS, relatou estar "completamente perdida" nos corredores do parlamento, um espaço que superou as suas expectativas em termos de dimensão. A rapper e ativista reconhece que a esquerda enfrenta grandes desafios e enfatizou a necessidade de focar no combate à violência doméstica, crimes digitais e delinquência juvenil.
A nova deputada Patrícia Gonçalves, do Livre, sente um forte "sentido de missão", após anos a apoiar a construção do seu partido. A sua expectativa é que os trabalhos parlamentares se desenrolem "de forma equilibrada, respeitando o parlamentarismo".
Filipe Sousa, do partido Juntos Pelo Povo (JPP), também se apresenta como estreante. Apesar de estar nervoso, revelou ter uma "enorme responsabilidade" perante os problemas da "pérola do Atlântico". Sousa pretende ser um deputado ativo, focando na discussão sobre um novo referendo sobre a regionalização e na criação de partidos regionais, mesmo prevendo resistência ao centralismo.