"Desafios à Vista para o PS: Uma Reflexão sobre o Futuro"

José Luís Carneiro, candidato à liderança do Partido Socialista (PS), reconheceu esta quarta-feira que a formação política atravessa um momento de grande desafio, resultante de um "resultado eleitoral muito amargo" nas últimas legislativas. Segundo Carneiro, "os portugueses anseiam pela recuperação da centralidade dos valores e princípios que fundamentam o PS".

Em declarações ao programa Grande Entrevista da RTP3, o antigo ministro da Administração Interna recordou que a história do PS já conheceu resultados semelhantes, relembrando períodos em que a percentagem de votos rondou os 22% ou 23%. "O PS é um partido robusto, com uma forte identidade e enraizamento em várias regiões, incluindo no continente, Açores e Madeira, bem como na diáspora. Acredito que a relação do partido com os cidadãos pode ser restaurada", afirmou.

Consciente dos obstáculos que se avizinham, Carneiro sublinhou que o PS não só perdeu deputados entre os emigrantes, como também se posicionou como a terceira força política em Portugal, ultrapassado pelo Chega. "A ausência do deputado Paulo Pisco na lista ficou evidente, uma vez que o seu trabalho sempre foi pautado por uma proximidade significativa com as comunidades", lamentou.

O líder socialista interino sublinhou a necessidade de o partido ter "humildade democrática" para reconhecer a mensagem dos eleitores, que desejam uma reafirmação dos princípios socialistas. "Os portugueses anseiam por um PS que valorize a sua conexão com o povo", acrescentou.

Apesar do panorama desafiador, Carneiro lembrou que o PS continua a ser o principal partido em Portugal, presente em 152 Câmaras Municipais e majoritário em muitas freguesias. "Desde 2013, temos vindo a crescer no poder local, e os valores do PS permanecem vivos nos corações das pessoas", declarou.

Carneiro também expressou o seu reconhecimento por Pedro Nuno Santos, desejando contar com ele na vida política ativa. "A entrega de Pedro Nuno aos valores do PS deve ser valorizada", frisou.

Relatando a origem da situação atual, Carneiro explicou que tudo começou com uma declaração do primeiro-ministro em reunião do Conselho de Ministros, que levou à formação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito. "Na altura, não concordei com essa decisão e manifestei-o, mas o agendamento foi feito para evitar complicações", disse.

Por fim, José Luís Carneiro afirmou que, embora não tenha urgência, sente a obrigação de se candidatar à liderança do PS, alicerçado na sua vasta experiência política e na sua proximidade com as pessoas e instituições. "Estive na oposição e sei da importância do respeito entre maiorias e minorias", concluiu.