Dermatologista do Santa Maria em foco após escandalosos pagamentos e longas baixas

O caso do dermatologista Miguel Alpalhão, vinculado ao Hospital de Santa Maria em Lisboa, continua a provocar repercussões na sociedade, após revelações de que o médico faturou 406.930,06 euros apenas em 10 sábados. Esta quantia, apurada pelos primeiros nove meses de 2024, surge num contexto em que Alpalhão esteve de baixa nos últimos meses do ano passado.

Em 2023, o profissional também trabalhou apenas quatro meses, permanecendo o restante do ano afastado. Esta situação gera inquietação sobre como poderia ter acumulado tantas horas de trabalho para realizar cirurgias adicionais, considerando o seu tempo de ausência.

Carlos Martins, presidente do Conselho de Administração do hospital, sublinhou que a situação está sob análise e novas informações são esperadas para potencilamente tomar medidas, incluindo afastamentos dos responsáveis diretos, dado o prejuízo ao Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Outros detalhes que surgiram referem-se a uma aparente rede de conivência entre o auditor que não detectou anomalias na codificação cirúrgica e o diretor de dermatologia, Paulo Filipe, quem aprova as cirurgias no seu serviço, incluindo as adicionais de Alpalhão.

O responsável pela codificação das cirurgias no ano passado, Carlos Moreira, também ocupa funções como diretor do Departamento de Medicina e é adjunto da Direção Clínica. A situação foi ainda mais complicada por notícias anteriores que indicavam que Alpalhão recebera 51 mil euros em um único dia de trabalho durante uma realização de procedimentos no hospital.

As autoridades já iniciaram investigações formais em relação a este caso, incluindo a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) e o Ministério Público, que examina as práticas cirúrgicas realizadas fora do horário regular, uma medida destinada a aliviar as longas listas de espera para cirurgia.