Uma mulher que denuncia abusos sexuais na Igreja Católica alega ter sido desrespeitada por uma comissão durante um encontro agendado nos Açores.
Uma mulher de 62 anos, residente nos Estados Unidos desde os 18, apresentou hoje acusações graves contra uma comissão de instrução criada pela Igreja Católica para avaliar pedidos de compensação por abusos sexuais. A mulher, que alega ter sido vítima de um padre na ilha do Pico aos 10 anos, deslocou-se à ilha Terceira na expectativa de ser ouvida, mas a reunião não se concretizou.
Numa carta endereçada à presidente da Equipa de Coordenação Nacional das Comissões Diocesanas para a Proteção de Menores, que foi obtida pela agência Lusa, a denunciadora expressou a sua profunda desilusão. "Viemos da Carolina do Norte, através de Boston, num longo percurso de 15 horas para encontrar-vos. Esperava ser ouvida e, em vez disso, sinto-me humilhada e desrespeitada", lamentou, questionando a capacidade da comissão de apoiar vítimas.
O encontro inicialmente programado para um hotel foi, à última da hora, transferido para um edifício da Diocese de Angra, o que deixou a mulher incrédula. "Era insensível alterar o local. Após tudo o que passei, como poderia sentir-me à vontade nesse ambiente?", afirmou. O seu primo, como representante em Portugal, dirigiu-se ao novo local para esclarecer a situação, mas foi informado que a alteração se devia à falta de condições de privacidade.
Após uma série de mal-entendidos, a mulher sentiu-se forçada a enviar uma mensagem expressando a sua disponibilidade para ser ouvida, mas foi respondida que o processo estava encerrado devido à falta de procedimentos. Em comunicado, o grupo VITA e a Comissão Diocesana de Angra rejeitaram as acusações, assegurando que tudo foi feito para atender às necessidades da denunciante e que houve uma tentativa de garantir um espaço adequado para a audiência.
A comissão esclareceu que, na véspera da reunião, perceberam que a sala não oferecia privacidade adequada e decidiram mudá-la para um ambiente mais neutro. Afirmaram que, apesar de a denunciante ter confirmado a sua presença, ninguém apareceu para a reunião, exceto um familiar que questionou a nova localização. A comissão tentou comunicar com a mulher, mas não obteve resposta oportuna.
Os membros da comissão lamentam a situação e destacam que procederam conforme as diretrizes, que não permitem acompanhantes durante o processo, a não ser em circunstâncias especiais de vulnerabilidade.