O deputado do PS revelou que os contratos públicos na Defesa podem compensar a queda do comércio internacional, destacando a necessidade de autonomia militar da Europa.
O deputado do PS, Sérgio Sousa Pinto, afirmou que a "retração do comércio internacional pode ser plenamente compensada pelos contratos públicos na área da Defesa e pela ampliação da sua base industrial". Estas declarações foram proferidas durante a Future Summit - Indústria de Defesa, realizada na Exponor, Matosinhos, no contexto da EMAF.
Sousa Pinto, que preside à Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas, enfatizou que “países com uma forte tradição na indústria automóvel poderão redirecionar a sua capacidade produtiva para o setor militar.”
O parlamentar, que não se recandidata ao cargo, elogiou a importância da intervenção empresarial na construção de competências na indústria de defesa, minimizando a necessidade de intervenção estatal. “As empresas são as que devem desenvolver rapidamente as capacidades para atender às exigências de agências supranacionais que definem padrões europeus”, destacou.
No seu discurso, Sousa Pinto antecipou que "a Rússia pode iniciar um conflito militar contra um Estado-membro da União Europeia, possivelmente a partir de 2028", reiterando que é urgente agir. "Os investimentos na indústria de defesa devem ser vistos como um verdadeiro plano de reindustrialização da Europa," acrescentou.
O deputado destacou também que "a Europa precisa não só de armamento, mas de garantir a sua própria capacidade de produção de defesa". Ele projetou um crescimento significativo da indústria de defesa na Europa, pedindo um tratado intergovernamental que centralize os recursos e capacidades necessárias para enfrentar as novas ameaças à segurança europeia.
Defendeu a inclusão da Ucrânia, Reino Unido, Noruega e Canadá dentro desse mecanismo europeu de defesa, independentemente de não serem membros da União Europeia.
Respondendo a perguntas após a sua apresentação, Sousa Pinto afirmou que "a Europa não pode voltar a depender da confiança dos Estados Unidos", sublinhando que a autodeterminação e soberania da Europa devem ser conquistadas através do "hard power".
Reforçou a defesa de uma Europa militar forte, não por um desejo belicista, mas pela necessidade de garantir a segurança europeia, afirmando que a Europa deve construir uma capacidade militar respeitada no cenário global.