A Fundação Oceano Azul denunciou a falta de comprometimento dos Estados na preservação do oceano, pedindo uma abordagem mais prática e efetiva antes da conferência das Nações Unidas.
O presidente da Fundação Oceano Azul, José Soares dos Santos, expressou hoje preocupações sobre a apatia dos Estados em relação à proteção dos oceanos, destacando que "há uma enorme demissão dos Estados naquilo que é a sua missão". Durante o Fórum Financeiro da Economia Azul em Mónaco, Soares dos Santos afirmou que a complexidade da gestão dos oceanos, que não têm fronteiras definidas como as terras, leva os governos a desviarem a responsabilidade para o setor privado.
"O que estamos a observar é uma transferência de responsabilidades para o privado, onde este procura retorno financeiro e não necessariamente o bem-estar da população", sublinhou, insistindo na obrigação dos Estados de investirem na conservação dos oceanos.
Soares dos Santos manifestou a sua surpresa em relação ao conhecimento superficial que muitos governantes têm acerca dos problemas reais que afetam os oceanos, afirmando que "eles tendem a focar-se em 'soundbites' que não traduzem soluções práticas".
Este Fórum decorre a poucos dias da conferência das Nações Unidas em Nice, cujo objetivo é promover o financiamento necessário para restaurar a saúde dos oceanos e facilitar uma transição para uma economia azul sustentável.
“Para enfrentarmos os problemas urgentes dos nossos oceanos, precisamos de ações concretas e pragmáticas. O conhecimento necessário já existe; falta-nos implementar de forma eficaz o que sabemos", defendeu o presidente da Fundação, que também participou como orador em um dos painéis de discussão.
A Fundação Oceano Azul, responsável pelo Oceanário de Lisboa, foi estabelecida pela família Soares dos Santos através da Sociedade Francisco Manuel dos Santos, que opera em várias áreas, incluindo a conservação e utilização sustentável dos oceanos.
Os cientistas alertam para a crise que os oceanos enfrentam, marcada pela eutrofização, acidificação, diminuição das populações de peixe, aumento das temperaturas e poluição, fatores que ameaçam habitats e a biodiversidade.