A Fundação Humanitária de Gaza, apoiada pelos EUA, enfrenta críticas por sua atuação polêmica na distribuição de ajuda, com acusações de conluio com Israel e riscos para a população palestiniana.
A Fundação Humanitária de Gaza (FHG) surgiu em fevereiro, registada em Genebra, mas até agora não apresenta locais de trabalho ou representantes na cidade onde atuam as organizações humanitárias convencionais. O antigo diretor executivo, Jake Wood, demitiu-se, afirmando que não conseguia alinhar as suas atividades com os princípios de neutralidade e independência humanitária.
No seguimento da demissão, a FHG anunciou o início da distribuição de "camiões de alimentos" em Gaza, garantindo que a operação se realizaria em "locais de distribuição seguros". No entanto, a ONU declarou não ter confirmação da entrega efetiva da ajuda prometida. Embora a FHG tenha divulgado imagens de camiões a descarregar, a localização das fotos e o número de beneficiários não foram especificados.
O exército israelita informou que dois centros de distribuição da FHG, situados em Tel al-Sultan e no corredor de Morag, começaram a operar. O exército também mostrou um mapa que identificava mais centros na região de Rafah e em Bureij.
Após um bloqueio parcial de ajuda humanitária a Gaza, Israel justificou a situação alegando que o Hamas estava a desviar as entregas, o que este nega. A comunidade internacional expressa suas preocupações, apontando que as quantidades de ajuda permitidas são insuficientes para as necessidades da população, já afetada por meses de conflito.
Historicamente, a UNRWA geriu a ajuda a refugiados palestinianos, mas tem enfrentado críticas de Israel, que a acusa de colaborar com o Hamas. Apesar de inquéritos que revelaram problemas de imparcialidade na UNRWA, Israel não apresentou provas concretas das alegações.
A FHG tem sido criticada por impor a entrega da ajuda apenas em locais considerados seguros, prática que deslocaliza a população e contraria as normas humanitárias habituais. Desde o início do conflito, a maioria dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza já teve de se deslocar repetidamente.
Ainda não existem outros apoios significativos à FHG, além do Governo dos Estados Unidos, que também é alvo de contestação por parte de países e organizações que veem a ajuda como uma máscara para ações militares. As Nações Unidas rejeitaram qualquer colaboração com a FHG, ressaltando que sua abordagem vai contra princípios humanitários fundamentais.
Além disso, críticas surgiram de diversas organizações não-governamentais, como a ActionAid, que veem a utilização da ajuda humanitária para encobrir atividades violentas como uma grave violação ética. O grupo suíço Trial International solicitou uma investigação sobre as atividades da FHG e expressou preocupações sobre a eventual militarização da ajuda humanitária.
O Hamas, por sua vez, denunciou a FHG como parte de um plano israelita para controlar a distribuição de ajuda e a descreveu como uma organização suspeita. Em resposta, a FHG acusou o Hamas de ameaçar organizações que tentam apoiar a ajuda humanitária em Gaza.