O Governo dos Açores colabora com entidades nacionais para resolver problemas no transporte marítimo de cargas, enquanto o gado bovino aguarda envio ao continente.
O Governo Regional dos Açores está a empenhar-se em parceria com as autoridades marítimas nacionais para esclarecer questões que afetam o transporte de carga para o continente. Francisco Bettencourt, diretor regional da Mobilidade, afirmou à Lusa que as entidades envolvidas, nomeadamente a AMT (Autoridade da Mobilidade e dos Transportes) e o IMT (Instituto da Mobilidade e dos Transportes), estão a trabalhar para resolver ambiguidades na legislação que impactam a atividade do transporte de cargas.
A situação tem-se agravado, uma vez que o partido Chega/Açores denunciou, através de um requerimento à Assembleia Legislativa Regional, que, há várias semanas, mais de duzentas cabeças de gado bovino se encontram detidas nas ilhas do Pico e Graciosa, devido à escassez de transporte marítimo para o continente.
Em resposta, Bettencourt garantiu que, embora nem todas as cabeças de gado possam ser transportadas esta semana, uma parte do gado deverá ser enviada, dependendo da capacidade do armador.
O Chega/Açores expressou preocupação com o impacto desta situação nos produtores de gado bovino, que já estão sem alternativas para a manutenção dos animais, o que compromete os seus rendimentos. No requerimento, os deputados questionam sobre as companhias de navegação que realizam o transporte de bovinos vivos e o que impediu o escoamento do gado retido.
Os parlamentares sublinham a importância de o Governo Regional estar ciente do número de bovinos parados nas ilhas por falta de transporte e se estiver a fazer esforços junto das empresas de navegação para solucionar o problema.
Em comunicado, o deputado Francisco Lima do Chega considerou inadmissível a situação atual, ao salientar que os animais estão à espera do embarque há semanas sem que ninguém se responsabilize por isso.
Recentemente, agricultores da Graciosa apelaram a medidas alternativas ao navio que transporta gado, uma vez que este se encontra em doca seca, o que afeta severamente a sua produção. Referiram que o último embarque de gado ocorreu há quase um mês e que o transporte atualmente disponível não consegue atender às necessidades urgentes.
A Federação Agrícola (FAA) destacou também os desafios enfrentados, afirmando que a situação do gado vivo retido ilustra falhas no modelo de transporte de mercadorias, exacerbadas por atrasos e mudanças de rotas devido a condições meteorológicas.