A Comissão Nacional do PS reúne-se para avaliar os resultados desastrosos das legislativas e aprovar futuros calendários eleitorais, com José Luís Carneiro como candidato à liderança.
O Partido Socialista (PS) volta esta manhã ao hotel Altis, em Lisboa, local que serviu de quartel-general durante a recente noite eleitoral, que resultou na terceira pior votação da história do partido em eleições legislativas. Ainda sem os votos da emigração contabilizados, o PS enfrentou uma perda de 20 deputados, quase igualando o resultado com o Chega.
No domingo à noite, Pedro Nuno Santos, o secretário-geral do PS, assumiu as consequências do mau resultado e anunciou a sua demissão, prevendo deixar o cargo após a reunião de hoje. O atual presidente do partido, Carlos César, assumirá interinamente a liderança, conforme informações obtidas pela Lusa.
A agenda da reunião de hoje inclui a análise dos resultados das legislativas, bem como a aprovação de calendários e regulamentos internos para as próximas eleições.
Em uma proposta apresentada por Carlos César, que conta com o apoio de Pedro Nuno Santos, planeia-se a realização de eleições imediatas para o cargo de secretário-geral entre o final de junho e o início de julho, segundo fontes oficiais. Contudo, uma alternativa foi avançada por Daniel Adrião, que sugere eleições primárias abertas apenas para outubro ou novembro, arguindo que seria mais prudente escolher um novo secretário-geral após as autárquicas.
O cenário de eleições imediatas para o cargo de secretário-geral foi adotado por Carlos César após ouvir várias vozes apontadas como potenciais candidatos à liderança do PS.
Numa reviravolta, soube-se que os ex-ministros Fernando Medina e Mariana Vieira da Silva não estão interessados em se candidatar, assim como Duarte Cordeiro e Alexandra Leitão, que também já declinaram o convite. Neste contexto, José Luís Carneiro – que havia perdido as diretas para Pedro Nuno Santos há cerca de um ano e meio – é atualmente o único nome a manifestar interesse em suceder na liderança socialista.
Em declarações à Lusa, Carneiro reiterou a sua disposição para servir o partido e o país, sublinhando a necessidade de uma "reflexão profunda" e a abertura de um novo ciclo na política nacional, contribuindo para a estabilidade política.
Com os resultados provisórios a indicarem apenas 58 lugares no parlamento e um apoio de 23,38%, somando um total de 1.394.501 votos, o PS viu-se a perder mais de 365 mil votos em comparação ao ano anterior, revelando um dado alarmante para o partido.
Em termos percentuais, este foi o terceiro pior resultado do PS, superado apenas pelas votações de 1985 e 1987. No discurso de aceitação da derrota, Pedro Nuno Santos enfatizou a sua responsabilidade, desejando não ser um empecilho nas escolhas essenciais do partido, mas reafirmou a sua determinação em continuar a lutar por um futuro melhor: "Como disse Mário Soares, só é vencido quem desiste de lutar e eu não desistirei. Obrigado a todos."