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Médicos ainda relutam em encaminhar doentes para tratamento da obesidade

há 2 dias

Pacientes relatam que alguns médicos não reconhecem a obesidade como doença, limitando o acesso a tratamentos essenciais que poderiam reduzir os custos na saúde pública.

Médicos ainda relutam em encaminhar doentes para tratamento da obesidade

No âmbito do Dia Nacional da Luta Contra a Obesidade, que se celebra este sábado, José Silva Nunes, presidente da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade (SPEO), fez um alerta à agência Lusa sobre a falta de reconhecimento da obesidade como uma doença por parte de alguns profissionais de saúde.

Segundo o especialista, existem casos de doentes que enfrentam dificuldades em serem encaminhados para tratamentos adequados, sejam eles cirúrgicos ou não, devido à abordagem de alguns médicos que apenas recomendam "comer menos e mexer-se mais".

Silva Nunes frisou que a escassez de médicos de medicina geral e familiar nos cuidados de saúde primários é um entrave significativo, mas enfatizou que a verdadeira barreira reside na falta de reconhecimento da obesidade como uma condição médica séria.

"É fundamental que os profissionais de saúde compreendam que a obesidade é uma doença, e, se não têm capacidade para tratar, devem encaminhar os doentes para onde possam receber a ajuda necessária," sublinhou.

O endocrinologista mencionou que este reconhecimento é crucial, uma vez que a obesidade contribui para mais de 200 doenças, incluindo problemas cardiovasculares, câncer e doenças respiratórias. O especialista alertou para o crescimento alarmante da obesidade nas últimas décadas, tanto a nível nacional como internacional, que está a criar um grande desafio para os sistemas de saúde.

Embora exista um esforço para melhorar o acesso a tratamentos, com o lançamento de um percurso de cuidados integrados da Direção-Geral de Saúde, o especialista lamentou a falta de comparticipação de fármacos eficazes para o tratamento da obesidade, o que limita ainda mais as opções para os doentes.

Adicionalmente, lembrou que, apesar dos custos associados ao tratamento da obesity, o não tratamento resulta em despesas ainda mais elevadas devido a complicações de saúde subsequentes. De acordo com um estudo recente, a obesidade e pré-obesidade geram anualmente um custo direto de 1,14 mil milhões de euros em Portugal, o que corresponde a quase 6% dos gastos totais em saúde no país.

Em 2022, aproximadamente 37,3% da população adulta em Portugal apresentava excesso de peso, enquanto 15,9% eram considerados obesos.

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