Livre apela a união da esquerda antes das autárquicas

Na manhã de quinta-feira, Rui Tavares, porta-voz do Livre, dirigiu-se aos meios de comunicação para comentar a questão da união da esquerda nas eleições autárquicas, enfatizando que ainda não recebeu qualquer feedback sobre a sua proposta. Esta preocupação surge após uma reunião com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Tavares reconheceu a necessidade de reflexão por parte dos partidos, especialmente pelo PS, que está a lidar com os resultados das recentes eleições. No entanto, fez um apelo claro: "A reflexão pode ser substantiva, mas não pode ser prolongada." O porta-voz sublinhou a urgência na tomada de decisões, referindo que as autárquicas podem ser vistas como uma "segunda volta" das Legislativas.

Ele alertou para o perigo de um panorama político radicalmente alterado se a esquerda não agir. Após as Legislativas, Tavares afirmou que a possibilidade de ter um número elevado de presidentes de câmara do Chega, especialmente nas 60 autarquias onde este partido ficou em primeiro lugar, é preocupante. "Seria um erro enorme permitir que a extrema-direita conquistasse 60 câmaras sem resistência", disse.

O porta-voz também enfatizou a necessidade de um plano claro para que os progressistas e democratas nestas localidades possam unir forças contra a direita. Tavares já havia expressado a sua preocupação com a mudança do mapa político após a noite eleitoral de 22 de setembro.

Da mesma forma, Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP, se pronunciou logo após a reunião, sustentando que a sua coligação, a CDU, é uma "frente unitária e com experiência comprovada no poder local." Ele assegurou que a CDU não começou a preparar-se para as autárquicas recentemente, mas já está a trabalhar ativamente em contacto com diversas comunidades.

Por seu lado, o Bloco de Esquerda também abordou a questão da união da esquerda, mencionando que já se iniciaram conversações com o Livre e o PAN em busca de projetos de "convergência autárquica", com o objetivo de eleger representantes à esquerda em todo o país e contrariar a influência da direita.

Ainda durante a sua entrevista, Rui Tavares alertou para o risco de uma possível revisão constitucional que, segundo ele, não foi discutida em profundidade durante a campanha electoral recente, o que pode ser um desafio inesperado para os cidadãos.