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Desafios Persistentes: A Realidade dos Sem-Abrigo em Lisboa

há 7 horas

O psiquiatra João Gama Marques alerta que a solução para os sem-abrigos é complexa e defende uma abordagem diversificada no acolhimento, em vez da concentração num único local.

Desafios Persistentes: A Realidade dos Sem-Abrigo em Lisboa

No contexto da audição na Assembleia Municipal de Lisboa, o psiquiatra João Gama Marques, do Hospital Júlio de Matos, expôs a sua visão sobre a problemática dos sem-abrigos, afirmando que "nunca haverá solução" definitiva para este desafio social. Durante a sua intervenção, Gama Marques criticou a ideia de eliminar a situação dos sem-abrigos, considerando que tal sugestão poderia evocar referências históricas perturbadoras e não é uma abordagem aceitável em democracia.

Convocado pela deputada do CDS-PP, Margarida Neto, que liderou uma proposta aprovada por unanimidade, o psiquiatra partilhou a sua experiência com a população em situação de sem-abrigo, destacando que, a atuar na área há quase duas décadas, acompanha frequentemente aqueles que enfrentam perturbações psiquiátricas. Além disso, participa quinzenalmente nas visitas de rua da Equipa do Plano Municipal para a Pessoa em Situação de Sem-Abrigo de Lisboa, seguindo o legado do seu colega António Bento.

Relativamente à situação no Beato, uma das freguesias mais afectadas, Gama Marques sublinhou que a concentração de recursos de apoio pode estar a criar um "gueto", em vez de ajudar a integrar as pessoas na sociedade. Com quatro centros de acolhimento que assistem cerca de 600 indivíduos, o Beato tem gerado queixas crescentes por parte da população local, que se queixa da deterioração da qualidade de vida na área.

O psiquiatra alertou para a possibilidade de aumento da revolta social, com uma diminuição da empatia e um aumento do estigma contra os sem-abrigos, se não forem implementadas soluções mais variadas, espalhadas pela cidade. Além disso, notou um aumento significativo de estrangeiros em situação de sem-abrigo, mencionando que a maioria não apresenta doenças mentais graves, embora possam estar a lidar com desafios psicológicos como depressão ou perturbação de stress pós-traumático devido a experiências traumáticas nos seus países de origem.

Concluindo, Gama Marques enfatizou que, actualmente, menos pessoas com perturbações mentais graves estão a viver nas ruas de Lisboa, embora as estatísticas precisas ainda não tenham sido apresentadas.

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#SemAbrigismo #DireitosHumanos #InclusãoSocial