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Críticas à Participação da Oposição nas Eleições Venezuelanas

há 8 horas

Presidente da ALUSVEN desaprova a participação de opositores nas eleições da Venezuela, considerando-a uma submissão ao governo de Maduro enquanto milhões se preparam para votar.

Críticas à Participação da Oposição nas Eleições Venezuelanas

Élio Pestana, presidente da Associação Luso-Venezuelana de Cooperação e Desenvolvimento (ALUSVEN), com sede em Espinho, manifestou hoje a sua desaprovação sobre a participação de certos opositores nas eleições legislativas e regionais na Venezuela, agendadas para este domingo. Para Pestana, a atitude dos opositores significa uma aceitação passiva do Governo venezuelano, afirmando que “aquilo que pretendem é ganhar algum espaço, mas não terão poder; apenas se submeterão às orientações do regime de Nicolás Maduro”.

Mais de 21 milhões de venezuelanos, num total de 31 milhões de habitantes, estão convocados a votar para eleger 285 membros da Assembleia Nacional, além de 24 governadores e diversos autarcas e conselheiros municipais.

A maior parte da oposição, sob a liderança de María Corina Machado, decidiu não participar nas eleições. Contudo, Henrique Capriles, que já tentou a presidência em duas ocasiões, está a angariar apoio entre os opositores que acreditam que a participação eleitoral é crucial. “Votar é uma ferramenta de mudança, de luta, de resistência”, declarou Juan Requesens, um dos candidatos ao governo do estado de Miranda, onde se localiza parte da capital, Caracas.

A candidatura de Capriles surge após a inesperada revogação da sua inelegibilidade de 15 anos, uma estratégia frequentemente utilizada pelo governo para afastar adversários. O ex-governador de Miranda expressou surpresa pela reabilitação do seu estatuto, mas alguns opositores levantaram suspeitas de que isso poderia ser uma negociação com o governo.

“A revogação da sua inelegibilidade ser nesta altura é, de facto, uma grande coincidência”, comentou Pestana, que está em Portugal há 23 anos e apoia tanto María Corina Machado como Eduardo González Urrutia, um candidato presidencial que se encontra em exílio em Espanha, tendo em vista as eleições presidenciais de julho de 2024.

Pestana sublinhou que “isto não deveria ser uma eleição; o processo das presidenciais de 28 de julho ainda não foi concluído”. A oposição denunciou irregularidades nas eleições presidenciais que reelegeram Maduro, cuja vitória foi depois validada pelo Supremo Tribunal de Justiça venezuelano.

A comunidade internacional clama pela divulgação das atas eleitorais para validar os resultados, algo que ainda não ocorreu, devido a um alegado "ataque informático" à autoridade eleitoral.

Para a oposição, Eduardo González Urrutia foi o verdadeiro vencedor das presidenciais, tendo alcançado mais de 67% dos votos. “Apesar das suas regras e condições, demonstrámos que ganhámos, o que se tornou uma afronta à capacidade do governo em ocultar a verdade”, destacou Pestana.

O presidente da ALUSVEN também expressou preocupação com a grave situação económica do país, que tem levado muitos a enfrentar severas carências alimentares e a emigrar em massa. Especialistas da BBC preveem uma inflação superior a 200%, uma diminuição de 20% nas exportações de petróleo e uma contração económica de 2,05% até ao final de 2025.

Adicionalmente, a reforma constitucional proposta pelo governo tem elevado os receios nos mercados e assustado potenciais investidores. Neste mês, Maduro declarou estado de “emergência económica”, atribuindo-o ao impacto das sanções internacionais e das novas tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos.

A Venezuela vive uma crise profunda há mais de uma década, que, segundo a avaliação de especialistas, resultou numa perda de 80% do Produto Interno Bruto (PIB) em oito anos de recessão contínua entre 2014 e 2021.

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