Mariana Mortágua solicita a união de todas as forças democráticas para barrar revisões constitucionais, afirmando que a integridade das liberdades está em perigo com a nova maioria à direita.
A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua, fez um apelo à unificação de "todas as forças da democracia" na tentativa de bloquear a revisão da Constituição, considerando que a nova maioria à direita procura “atacar” a Lei Fundamental. Este pronunciamento ocorreu no Palácio de Belém, em Lisboa, após uma audiência com o Presidente da República sobre a formação do novo Governo, após as eleições legislativas antecipadas de 18 de fevereiro, nas quais a Aliança Democrática (AD) - Coligação PSD/CDS-PP - saiu vitoriosa.
Mariana Mortágua destacou que a principal preocupação derivada deste “volta à direita” é a possibilidade de uma “revisão constitucional”, uma intenção já manifestada pela Iniciativa Liberal. A líder do BE defendeu a necessidade de que “todas as forças da democracia e do Estado Social” se unam para salvaguardar a Constituição do 25 de Abril, que sustenta as libertades em Portugal.
“A nossa principal preocupação neste momento é congregar esforços para travar esta revisão, que seria prejudicial à democracia”, sublinhou Mortágua, reconhecendo que “tudo o que consideramos garantido, como o acesso à saúde e à educação, depende da Constituição”. Ela considerou que a Lei Fundamental se encontra em risco e afirma que “a direita procura atacá-la”, por ser um pilar fundamental da democracia conquistada após o 25 de Abril.
A dirigente classificou a situação atual como “nova e perigosa”, dada a “radicalização da direita”, e notou que o PSD também tem adotado ideias extremas, permitindo que esse discurso se propague. Mortágua advertiu que tanto as “liberdades coletivas como individuais estão ameaçadas” neste contexto.
Ela lembrou que “a última fase de estabilidade que o país teve foi aquele em que o Bloco de Esquerda detinha uma posição determinante no Governo e na maioria parlamentar”, prevendo que a ascensão da direita poderá trazer instabilidade.
Em relação ao recente resultado eleitoral do partido, que ficou reduzido a um único deputado, Mortágua manifestou a importância de debater amplamente a situação interna do BE. “Teremos uma reunião da Mesa Nacional do Bloco de Esquerda no sábado, onde a direção irá deliberar de forma alargada, e continuaremos a dialogar nos próximos meses, sem pressa”, acrescentou.
A reunião contou ainda com a presença de Fabian Figueiredo e Jorge Costa, membros da Comissão Política do BE.
Nas eleições de domingo, a AD conquistou 89 cadeiras no parlamento, enquanto o Partido Socialista e Chega empataram, cada um com 58 deputados. A Iniciativa Liberal mantém-se como a quarta força política com 9 deputados, enquanto o Livre passou de 4 para 6. A CDU perdeu um eleito, totalizando 3, enquanto o Bloco de Esquerda e o PAN têm cada um um deputado. O JPP da Madeira conseguiu eleger um deputado. Os resultados não incluem ainda a votação de eleitores residentes no estrangeiro, que será revelada a 28 de maio.