A Federação Portuguesa de Nadadores-Salvadores apela à reformulação do perfil profissional dos nadadores-salvadores e à criação de associações sem fins lucrativos para melhorar a segurança nas praias.
Num cenário preocupante, a Federação Portuguesa de Nadadores-Salvadores (FEPONS) destaca a importância de reconfigurar o perfil do nadador-salvador, a revisão da sua carreira profissional, e a formação de associações sem fins lucrativos para contribuir para a prevenção de afogamentos e para valorizar esta atividade tão essencial.
Alexandre Tadeia, presidente da FEPONS, em declarações à agência Lusa, sublinhou que a dificuldade em recrutar nadadores-salvadores é uma preocupação que se repete todos os anos, tendo em vista que a maioria destes profissionais são estudantes universitários. A escassez de nadadores-salvadores em Portugal não se relaciona com a falta de certificação — actualmente há mais de cinco mil certificados — mas sim com a disponibilidade dos estudantes, que se sobrepõe à época balnear devido aos exames académicos.
"Este é o perfil típico do nadador-salvador", reconhece Alexandre Tadeia, enfatizando a necessidade urgente de alterações. Um manifesto com diversas propostas já foi apresentado aos grupos parlamentares na legislatura anterior, incluindo incentivos fiscais e sociais para estudantes e a criação de uma carreira especial de nadador-salvador na função pública.
O presidente da FEPONS realçou que é fundamental a vigilância contínua das praias durante todo o ano, assim como já ocorre nas piscinas, permitindo uma maior formação de profissionais. Isto contribuiria para a prevenção de fatalidades nas praias fora da época balnear, reduzindo a dependência de nadadores-salvadores estrangeiros, especialmente os brasileiros e argentinos, que são frequentemente contratados logo no início da época de verão.
Atualmente, muitos nadadores-salvadores estrangeiros são facilmente contratados, o que evidencia a necessidade de mudanças estruturais na contratação e condições de trabalho. Tadeia explicou que muitos jovens são atraídos pela promessa de um salário de cerca de 1.500 euros para um verão inteiro de trabalho, mas este montante revela-se enganador, uma vez que implica uma carga horária elevada, frequentemente superior a 60 horas por semana, colocando muitos abaixo do salário mínimo nacional.
Entre as soluções sugeridas, destaca-se a criação de Associações de Nadadores-Salvadores, nas quais cada região contaria com uma estrutura organizacional coordenada por profissionais da área, semelhante ao modelo dos bombeiros. Estas associações, cuja gestão seria feita por nadadores-salvadores, seriam licenciadas pelo Instituto de Socorros a Náufragos, contribuindo para uma melhor organização e eficácia no atendimento aos banhistas.
A temporada balnear de 2023 começou de forma gradual no dia 1 de maio em várias localidades, como Cascais e Oeiras, e irá expandir-se a outras regiões até junho. As águas interiores também terão a sua época balnear iniciada entre junho e julho.