A Ucrânia anunciou estar pronta para as futuras negociações com a Rússia em Istambul, mas solicita um documento que defina os termos para um acordo de paz sustentável.
A Ucrânia confirmou hoje a sua disposição para participar nas próximas negociações que a Rússia agendou para Istambul na próxima segunda-feira. Contudo, o governo ucraniano frisou a necessidade de receber um documento prévio de Moscovo que delineie as condições para uma paz duradoura.
Andriy Yermak, chefe de gabinete da presidência da Ucrânia, reiterou a intenção de envolver-se em discussões construtivas. “Queremos estar prontos para a próxima reunião, mas é fundamental que a Rússia nos forneça um memorando que especifique as suas propostas de paz, antes do encontro”, declarou.
Yermak destacou que a Rússia teve “tempo suficiente” para apresentar esse documento e lembrou que já tinha recebido um texto a expor a posição de Kyiv. No entanto, Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, havia anteriormente rejeitado esta exigência, afirmando que não havia havido resposta da Ucrânia sobre a participação nas negociações.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, criticou a posição de Moscovo, acusando-a de tentar desviar o foco das negociações e torná-las irrelevantes. Georgiy Tykhiy, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano, sugeriu que a falta de uma resposta da Rússia indica que o seu memorando poderá conter ultimatos inaceitáveis.
Maria Zakharova, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, informou que o Kremlin planeia manter a mesma equipa que participou na primeira ronda de negociações, liderada por Vladimir Medinsky, que já tinha coordenado anteriormente negociações falhadas em 2022. A composição desta delegação foi interpretada por Kyiv como uma falta de seriedade da parte russa.
As negociações anteriores em Istambul resultaram apenas numa entendimento sobre uma troca em larga escala de prisioneiros. As duas partes continuam com posições firmes e divergentes, com a Rússia a exigir que a Ucrânia desista da sua adesão à NATO e ceda as regiões que considera ter anexado.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, apelou a ambos os lados que mantenham abertas as vias de diálogo, enquanto Volodymyr Zelensky alertou que a Rússia pretende prolongar o conflito, pedindo novas sanções internacionais.
Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump, que se mostrou mais próximo das negociações com Moscovo, adotou um tom mais severo em relação a Putin, mencionando os contínuos bombardeamentos russos. Trump qualificou Putin como "completamente louco" e advertiu-o de que estava "brincando com o fogo". Contudo, também criticou Zelensky, insinuando que este estaria a dificultar o progresso nas negociações.
No campo de batalha, os ataques entre as forças russas e ucranianas continuam a escalar. Os militares russos afirmaram ter neutralizado 48 drones ucranianos nas últimas horas. Por sua vez, as autoridades ucranianas reportaram a morte de pelo menos sete civis em ataques russos, juntamente com a interceptação de 56 dos 90 drones lançados contra o seu território.