O Ministério da Defesa russo declarou que comunicou a Kyiv sobre a entrega de corpos de soldados ucranianos, desmentindo acusações de ações unilaterais.
O Ministério da Defesa da Rússia divulgou hoje que notificou antecipadamente a Ucrânia sobre a intenção de entregar os corpos de soldados ucranianos mortos em combate, refutando assim alegações de estar a agir de forma unilateral. O vice-ministro da Defesa russo, Alexander Fomin, afirmou numa mensagem no canal Telegram que “transmitimos as nossas propostas quanto a este assunto ao lado ucraniano com antecedência e estávamos prontos para começar a entrega já esta semana”.
Fomin esclareceu também que representantes do grupo de contacto russo foram enviados à fronteira bielorrussa-ucraniana para acordar os detalhes logísticos sobre a operação. “Até ao momento, não recebemos autorização de Kyiv para realizar operações humanitárias. Os representantes ucranianos não compareceram à reunião, e não sabemos a razão do atraso na troca de impressões”, acrescentou.
O vice-ministro recordou que na última ronda de negociações em Istambul foram alcançados “acordos concretos” para a troca de prisioneiros de guerra e entrega dos corpos. Fomin reiterou o desejo russo de resolver a questão de forma prioritária e rápida.
No entanto, o chefe do grupo de negociação russo, Vladimir Medinsky, acusou a Ucrânia de “adiar indefinidamente” a troca de prisioneiros que são jovens ou encontram-se gravemente doentes.
Em resposta, a Ucrânia acusou a Rússia de manipulação e de falhar em cumprir compromissos assumidos, pedindo que “não crie obstáculos artificiais e falsas declarações” que dificultem a devolução dos prisioneiros.
O Ministério da Defesa ucraniano, liderado por Rustem Umerov, criticou o que descreveu como uma tentativa da Rússia de reverter acordos já estabelecidos em Istambul, levantando dúvidas sobre a capacidade da equipa russa de negociação.
Quanto à entrega de corpos, as autoridades ucranianas afirmaram que não foi definida qualquer data, caracterizando as ações russas como unilaterais. “Estamos interessados num resultado real: o regresso dos nossos prisioneiros e dos corpos dos mortos e estamos prontos a continuar a trabalhar nesse sentido dentro do quadro acordado”, garantiu o ministro ucraniano.
No decorrer da semana, o Presidente ucraniano anunciou que tanto Kyiv como Moscovo iriam trocar 500 prisioneiros de guerra de cada lado, após um acordo recente para libertar os feridos, gravemente doentes ou com menos de 25 anos.
A troca de mil prisioneiros de guerra já tinha sido acordada em um encontro em Istambul, realizado em 16 de maio, e a maior troca de toda a guerra ocorreu dias depois, em várias fases.