Apesar da diminuição de infeções por mpox em África, autoridades alertam para a necessidade urgente de vacinas, com Serra Leoa a registar a maioria dos casos.
Na última semana, observou-se uma redução no número de casos de infeção pelo vírus Monkeypox (mpox) em África, de acordo com a agência de saúde pública da União Africana (UA). O epidemiologista Ngashi Ngongo, responsável pelo Gabinete Executivo dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças de África (CDC África), destacou esta descida tanto nos casos notificados como nos confirmados durante uma conferência de imprensa online.
Ngongo indicou que Serra Leoa é, de longe, o país com maior número de casos registados, representando 74% das notificações recentes, principalmente as que foram validadas em laboratório. Para ajudar a combater a disseminação da doença naquele país, o CDC África planeia enviar uma equipa de dez epidemiologistas e 200 profissionais de saúde comunitária.
Os números mais recentes revelam que desde o início de 2024, África contabilizou 139.000 casos de mpox, dos quais 34.824 foram confirmados em laboratório, e 1.788 mortes, sendo 186 destas atribuídas diretamente à doença.
A República Democrática do Congo (RDCongo) continua a ser o epicentro da epidemia, vizinha de Angola. Em um desenvolvimento recente, a Etiópia reportou o seu primeiro caso de mpox desde o surgimento da epidemia em 2022, com três infeções confirmadas até à data, mas sem registo de mortes.
O epidemiologista apelou para uma ação firme e decidida no controlo do surto, enfatizando a necessidade de evitar a propagação para além da região de Oromia na Etiópia. Ngongo fez um apelo urgente por doações de vacinas, com o CDC África a estimar a necessidade de 6,4 milhões de doses até agosto, sendo que até agora apenas 1,4 milhões de doses foram enviadas.
Cerca de 220.000 doses prometidas pelos Estados Unidos estão à espera de autorização para envio, enquanto o UNICEF busca financiamento para um pacote adicional de 350.000 doses. Nos próximos dias, espera-se ainda a chegada à RDCongo de vacinas japonesas LC16, após o compromisso do Governo do Japão em fornecer três milhões ao país.
A 13 de agosto, o mpox foi declarado uma emergência de saúde pública pela UA, seguido pela OMS que reconheceu a situação como um alerta sanitário internacional. O mpox apresenta sintomas variados como erupções cutâneas, febre e dor de cabeça, exigindo atenção contínua das autoridades de saúde.