O Partido Popular apela a uma moção de censura para derrubar o governo de Pedro Sánchez, acusado de corrupção, após revelações comprometedoras sobre membros do PSOE.
O Partido Popular espanhol (PP) instou hoje os partidos que sustentaram o governo do primeiro-ministro socialista, Pedro Sánchez, a somarem-se a uma moção de censura, argumentando que o executivo está "marcado por corrupção". Este apelo foi feito pelo líder do PP, Alberto Núñez Feijóo, que também incentivou os cidadãos a saírem às ruas a 8 de junho, em Madrid, para manifestar contra a "decadência" do governo.
Feijóo declarou que, uma vez que os cidadãos não conseguem expressar a sua vontade nas urnas devido à recusa de Sánchez em convocar eleições gerais, a rua é o espaço onde podem manifestar o seu descontentamento.
O líder do PP proferiu estes comentários durante uma declaração na sede do partido em Madrid, num momento em que a imprensa espanhola divulgou gravações de uma militante do Partido Socialista (PSOE), Leire Díez. Esta militante, que já ocupou cargos em empresas públicas, foi ouvida numa série de conversas com empresários onde solicitava informações comprometedores sobre um procurador do Ministério Público e dirigentes da Guarda Civil que lidam com casos de corrupção envolvendo pessoas próximas de Sánchez.
Nas gravações, Leire Díez parece insinuar que as informações que procura são de interesse do governo e do PSOE, prometendo auxílio aos empresários e ex-membros da Guarda Civil cujos processos estão pendentes na justiça.
O PSOE já iniciou uma investigação interna sobre o comportamento de Díez, que enfatiza ser uma "militante de base". O partido, tal como o governo, rejeitam que a militante atue em coordenação com a liderança do PSOE ou o executivo.
Leire Díez, que possui formação em jornalismo e experiência em comunicação, afirmou à agência EFE que estava a realizar uma "investigação jornalística" e negou qualquer ligação à direção do PSOE.
Feijóo comparou o governo de Sánchez a uma "máfia", denunciando uma "rede de corrupção" à volta do executivo e recordando processos que envolvem ministros anteriores, bem como familiares de Sánchez.
O líder do PP lembrou que os partidos que apoiaram a ascensão de Sánchez aprovaram uma moção de censura que derrubou o executivo liderado por Mariano Rajoy há sete anos, baseando-se na luta contra a corrupção. "Se forem consistentes, devem agora agir da mesma forma", afirmou, mostrava-se disposto a avançar com a moção, caso houvesse apoio parlamentar suficiente.
No entanto, alguns dos partidos que sustentam Sánchez, como a Esquerda Republicana da Catalunha e o PNV, já rejeitaram a possibilidade de apoiar esta moção de censura.
Entretanto, dentro da coligação governamental, destacadas figuras do PSOE e do Somar manifestaram preocupação com a situação gerada por Leire Díez, pedindo ao PSOE uma resposta enérgica e ações legais contra a militante para dissociar o partido das suspeitas.
A ministra do Trabalho e líder do Somar, Yolanda Díaz, clamou por "máxima contundência", considerando o conteúdo das gravações "absolutamente incompatível com uma democracia robusta", solicitando que o governo actue de acordo com a gravidade da situação.
Até ao momento, Pedro Sánchez não se pronunciou sobre as acusações que envolvem Leire Díez.