EUA discordam da ONU sobre ajuda enviada a Gaza e acusam de hipocrisia

O Departamento de Estado dos Estados Unidos manifestou, esta terça-feira, a sua rejeição face às críticas da ONU, que foram caracterizadas como "hipocrisia" no que toca à ajuda humanitária destinada a Gaza. A porta-voz Tammy Bruce afirmou: "É lamentável, pois a prioridade deveria ser a entrega da ajuda. Em vez disso, estamos a discutir a forma como esta é gerida e quem a está a fornecer."

Esta declaração surge a propósito das imagens da distribuição de alimentos promovida pela recém-criada Fundação Humanitária de Gaza, que recebeu apoio norte-americano mas que não teve a anuência das Nações Unidas. O porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, descreveu as imagens como "de partir o coração", lembrando que a organização não teve participação na operação.

De acordo com relatos, houve congestionamento e confusão durante a distribuição da ajuda, levando a Fundação a decidir suspender a entrega a fim de garantir a segurança dos presentes. A ONU sublinhou a falta de confirmação independente sobre o que realmente ocorreu nos locais de distribuição, pois não estava presente.

Dujarric defendeu que a distribuição da ajuda humanitária deve ser feita em conformidade com os princípios de segurança e imparcialidade, standards que, segundo ele, a iniciativa da fundação não respeitaria. A ação da GHF foi criticada, não só pela falta de um cessar-fogo, mas também pela colaboração com as demandas do exército israelita, resultando em alegações de discriminação no acesso à ajuda, excluindo particularmente mulheres e crianças.

A GHF também acusou o Hamas de bloquear o acesso aos pontos de entrega, mas estas alegações foram prontamente rejeitadas pelo governo do Hamas, que se afirmou chocado com tais afirmações que consideram "totalmente fabricadas". O exército israelita, por sua vez, admitiu ter efetuado disparos de advertência para dispersar a multidão nas proximidades da operação.

A grave crise humanitária em Gaza tem suas raízes nos conflitos que se intensificaram após os ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro, que resultaram em um elevado número de fatalidades e feridos, tanto em Israel como na Faixa de Gaza, onde as autoridades palestinianas relatam perdas avassaladoras desde então.