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Desafios alimentares em Angola: um olhar sobre a desnutrição crónica

há 3 dias

A responsável do PAM em Angola aponta um alarmante aumento da desnutrição crónica infantil, o que exige medidas urgentes para garantir alimentos nutritivos e cuidados de saúde adequados.

Desafios alimentares em Angola: um olhar sobre a desnutrição crónica

A situação da desnutrição crónica em Angola atingiu níveis preocupantes, com a taxa a subir de 38% em 2015-2016 para 40% em 2023-2024. Gracy Santos Heijblom, chefe de Nutrição do Programa Alimentar Mundial (PAM) em Angola, sublinha que esta condição representa um crescimento histórico, afetando principalmente crianças menores de cinco anos.

De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), a desnutrição crónica em crianças nesta faixa etária é alarmante, especialmente nas zonas rurais, onde a percentagem sobe para 51%. Este crescimento é acompanhado por um aumento do número de crianças com baixo peso, que passou de 19% para 21% no mesmo período.

A especialista enfatizou a importância de implementar políticas públicas que assegurem o acesso a alimentos nutritivos e a serviços de saúde. "É essencial que as famílias tenham acesso a cuidados de saúde adequados para monitorizar o desenvolvimento e crescimento das crianças, além de garantirem a vacinação", destacou.

Além disso, Gracy Santos Heijblom destacou a crise de cólera em Angola, que já levou à morte de mais de 600 pessoas, apontando a melhoria do saneamento e do acesso à água potável como fundamentais no combate à desnutrição. "Crianças com desnutrição aguda têm um sistema imunológico debilitado, tornando-se mais suscetíveis a doenças", alertou.

A especialista defendeu ainda que a solução para a desnutrição infantil passa por um investimento robusto nos cuidados de saúde primários. "Os países que mais conseguiram reduzir a desnutrição infantil foram aqueles que priorizaram a atenção primária à saúde", afirmou.

O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que visa assegurar uma alimentação adequada para crianças em idade escolar, é uma das iniciativas que o governo angolano está a implementar. O novo modelo garante que as refeições sejam adaptadas à cultura alimentar de cada região e não apenas um lanche, promovendo uma alimentação equilibrada.

O investimento do governo para o PNAE entre 2025-2027 ascende a 1,3 biliões de kwanzas (cerca de 1,2 mil milhões de euros), abrangendo cinco milhões de crianças por ano, com a intenção de proporcionar a cada aluno uma refeição quente diariamente.

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