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Cientistas exigem avanço na regulamentação das áreas protegidas nos Açores

há 3 horas

A maior rede de áreas protegidas do Atlântico Norte, estabelecida nos Açores, precisa de regulamentação urgente, alertam especialistas na Conferência da ONU em Nice.

Cientistas exigem avanço na regulamentação das áreas protegidas nos Açores

Emanuel Gonçalves, administrador e coordenador científico da Fundação Oceano Azul, destacou que os Açores são um modelo a ser seguido a nível global, conforme evidenciado durante a Conferência das Nações Unidas em Nice, França. "O que foi alcançado aqui é um exemplo inspirador que combina decisões fundamentais, muitas das quais são complexas de serem implementadas", assinalou.

A criação da área protegida, afirmada pelo Governo Regional dos Açores, envolveu colaborações com a Universidade dos Açores, a Fundação Oceano Azul e o Instituto Waitt dos EUA. Gonçalves considerou este processo como "inovador e audacioso", indicando que a preservação da natureza traz não apenas valor ambiental, mas também oportunidades económicas e emprego numa região remota como os Açores.

Em relação a uma proposta do PS/Açores que visa permitir a pesca do atum em determinadas zonas completamente protegidas, a Fundação manifestou a sua desaprovação. "A criação da área marinha protegida foi baseada em evidência científica robusta. O Governo Regional consultou, como nunca antes em Portugal, todos os utilizadores, e a proposta de alteração pode ter consequências negativas para o país e para os Açores", advertiu Gonçalves.

A cientista Ana Colaço, da Universidade dos Açores, sublinhou a necessidade de desenvolver planos de gestão para as novas áreas protegidas. Destacou que muitas áreas já estavam sob proteção no parque marinho anterior, mas agora requerem regulamentação clara, uma vez que todas as zonas precisam de proteção adequada.

Colaço frisou também que as espécies marinhas não conhecem fronteiras e a criação de mais áreas marinhas em rede é vital para assegurar que permanecem saudáveis e em bom estado ambiental.

O presidente da associação ambientalista Zero focou-se nas contradições nas políticas de Áreas Marinhas Protegidas em Portugal, referindo que há uma necessidade urgente de gestão eficaz nas áreas costeiras, onde a legislação ainda não foi aprovada nem implementada.

Hoje, um grupo de cientistas e representantes de ONGs, incluindo a Fundação Oceano Azul, embarcou no Santa Maria Manuela, um antigo bacalhoeiro usado agora para turismo e expedições. A embarcação partiu do Mónaco e chega a Nice para participar na abertura da Conferência da ONU sobre o Oceano, que começa na segunda-feira.

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#AçoresProtegidos #ConferênciaONU #PreservaçãoMarinha