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Cabeça de esquema de tráfico na prisão de Coimbra admite acusações, mas defende esposa

há 2 horas

Arguido principal no caso de tráfico de droga dentro da prisão de Coimbra confirmou acusações, mas negou envolvimento da sua mulher no esquema ilícito.

Cabeça de esquema de tráfico na prisão de Coimbra admite acusações, mas defende esposa

O Tribunal de Coimbra iniciou hoje o julgamento de quatro reclusos, juntamente com a mulher de um deles (detida em preventiva) e o pai de outro, todos acusados de participar num esquema de tráfico de droga nas instalações prisionais. Este esquema utilizava folhas de papel impregnadas com canabinoides sintéticos, os quais eram indetetáveis.

No arranque da audiência, apenas o arguido principal prestou declarações, corroborando a acusação do Ministério Público, que descreve um plano que decorreu entre novembro de 2022 e abril de 2024, para introduzir MDMB, um canabinoide sintético, no Estabelecimento Prisional de Coimbra. Segundo a acusação, este material era impregnado em folhas A4 e destinado à venda a outros reclusos.

O arguido, que cumpre pena por contrafação de moeda desde 2021, revelou que começou a consumir esta droga enquanto estava na prisão e desconhecia o seu "forte poder." Admitiu ter ficado viciado e que se associou a outros condenados para facilitar a introdução da substância, seja através de correspondência ou visitas.

Relativamente à acusação de que a sua esposa participava ativamente na operação de tráfico, o arguido refutou essa afirmação. Alega que a mulher não tinha conhecimento da ilegalidade do produto e que era "menos prejudicial do que o canábis." Admitiu que ela fazia encomendas a seu pedido, variando o número de folhas adquiridas e a frequência das compras.

Segundo o testemunho do recluso, as folhas não eram apenas para seu uso, mas também destinavam-se a outros companheiros de prisão, embora não soubesse identificar outros envolvidos no esquema.

A audiência, que ocorreu por videoconferência, foi interrompida devido a dificuldades de comunicação entre o juiz, advogados e outros arguidos. A continuação do testemunho está agendada para 16 de junho, de forma presencial.

Durante a sessão, também foi ouvido um chefe de guardas prisionais que informou que a prática de tráfico de droga em papel começou a emergir em 2019, após reclusos terem necessitado de internamento por consumo dessa substância, que é inalada após combustão.

De acordo com este responsável, a produção de droga evoluiu de um processo "caseiro" para um produto com efeitos mais intensos, aumentando a agressividade em alguns reclusos. Destacou que, com o tempo, surgiram tensões e problemas relacionados com dívidas entre consumidores, tendo inicialmente uma folha inteira sido avaliada entre três a cinco mil euros.

Entre os seis arguidos, quatro estão a cumprir penas por diferentes delitos. A acusação, à qual a agência Lusa teve acesso, indica que esta droga é facilmente dissimulada e indetetável em testes rápidos.

A mulher do arguido era, segundo a acusação, responsável por contatar fornecedores no Reino Unido para encomendar as folhas de papel.

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#TráficoDeDroga #JustiçaEmFoco #Coimbra