Economia

Brasil vai emitir dívida pública em yuan, marcando um novo passo nas relações com a China

há 4 horas

O Brasil planeia a emissão de títulos de dívida soberana em yuan na China e retoma operações em euros, fortalecendo assim laços comerciais com Pequim e Bruxelas.

Brasil vai emitir dívida pública em yuan, marcando um novo passo nas relações com a China

O Brasil está a preparar uma emissão inédita de títulos de dívida soberana na moeda chinesa, o yuan, no mercado de capitais da China continental, conforme revelou Dario Durigan, secretário-adjunto do Ministério da Fazenda, em declarações ao Financial Times.

Durigan indicou que, para além da emissão em yuan, o país pretende também regressar ao mercado de obrigações denominadas em euros, com o objetivo de realizar não apenas uma nova emissão sustentável em dólares, semelhante à do ano passado, mas também buscar oportunidades na Europa e na China.

As movimentações do governo, liderado por Luiz Inácio Lula da Silva, visam reforçar as relações comerciais, particularmente num momento em que as tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China têm levado à reavaliação de acordos tradicionais. O Mercosul, do qual o Brasil faz parte, aguarda com expectativa a aprovação do acordão comercial com a União Europeia, que se espera esteja finalizado até ao fim do ano.

Recentemente, Lula esteve em Paris a discutir o apoio da França ao acordo com Macron, que tem mostrado resistência devido à oposição dos agricultores franceses.

A emissão em yuan também é uma resposta à busca do Brasil por maior investimento do gigantesco mercado chinês, que é atualmente o seu maior parceiro comercial, enquanto a China procura expandir a sua influência económica na América Latina.

Essa operação permitirá ainda aferir o interesse dos investidores internacionais na dívida brasileira, em um cenário marcado por um crescente ceticismo em relação à política económica de Lula, que procura um papel mais ativo do Estado para fomentar o crescimento e diminuir a desigualdade social.

Contudo, essa estratégia de aumento da despesa tem atraído críticas, com empresários a acusar o governo de contribuir para a inflação e aumentar as taxas de juro, colocando em risco a sustentabilidade fiscal.

Na última emissão de dívida, Brasil conseguiu colocar 1,5 mil milhões de dólares em obrigações a cinco anos a uma taxa de 5,68% e 1,25 mil milhões de dólares em dívida a dez anos a 6,73%. Entretanto, os custos de financiamento aumentaram, resultantes do aumento da taxa de juro pelo banco central para 14,75% na tentativa de combater a inflação e da crítica de que não estão a ser tomadas medidas adequadas para gerir o défice orçamental.

A agência classificadora Moody's subiu o 'rating' do Brasil para um nível abaixo do grau de investimento em outubro, permitindo ao país acesso a financiamento mais acessível, embora tenha depois descido a perspetiva de positiva para estável, alegando que os progressos na política orçamental têm sido mais lentos do que esperado.

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