O primeiro-ministro interino do Bangladesh, Muhammad Yunus, anunciou a realização de eleições para abril de 2026, após a crise política que culminou no fim do governo de Sheikh Hasina.
O Bangladesh prepara-se para as eleições, marcadas para a primeira quinzena de abril de 2026, conforme revelado pelo atual primeiro-ministro interino, Muhammad Yunus, num discurso à nação. Este anúncio ocorre cerca de um ano e meio após o derrumbe do governo anterior, liderado pela ex-primeira-ministra Sheikh Hasina, que se exilou na Índia após meses de violentos protestos.
A turbulência social teve o seu auge entre julho e agosto de 2024, quando começaram a surgir manifestações de estudantes contra políticas de emprego consideradas discriminatórias. A resposta do governo foi severa, resultando em centenas de vítimas, o que levou ao afastamento da Liga Awami, partido de Hasina, no dia 5 de agosto de 2024.
Com a fuga de Hasina, um tribunal especial foi ativado para investigar a repressão da revolta, focando em crimes cometidos contra os direitos humanos. Recentemente, a ex-primeira-ministra foi formalmente acusada de crimes contra a humanidade em relação aos eventos durante a revolta.
Estatísticas da ONU indicam que cerca de 1.400 pessoas morreram como resultado da repressão, com Hasina sendo acusada de dar ordens que levaram a assassinatos massivos e outros atos de violência. Além de Hasina, outros ex-oficiais, como o ex-ministro do Interior e o antigo inspetor-geral da polícia, foram também chamados a responder.
Desde que Yunus assumiu o cargo, ele prometeu reformas nas áreas da lei eleitoral, direitos das mulheres e na administração pública. Contudo, muitos dos seus críticos argumentam que o processo é demorado e que ele se está a valer de diversos meios para consolidar o poder.
Protestos têm eclodido, especialmente nas últimas semanas, com funcionários públicos e professores a exigirem a realização de eleições livres e a formação de um novo governo legítimo, refletindo o descontentamento crescente da população.