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"Bahá'ís no Qatar em risco de extinção devido à discriminação, alerta HRW"

há 3 dias

A Human Rights Watch denuncia que a minoria bahá'í enfrenta pressões severas e expulsões no Qatar, questionando a eficácia da Constituição em proteger os direitos religiosos.

"Bahá'ís no Qatar em risco de extinção devido à discriminação, alerta HRW"

A Human Rights Watch (HRW) divulgou, na data de hoje, uma acusação grave contra o Estado do Qatar, denunciando a discriminação sistemática que a minoria bahá'í enfrenta no país. Segundo a organização, as autoridades do Qatar têm procedido a detenções ilegais com base na identidade religiosa dos membros desta comunidade, que é originária do Irão.

Michael Page, diretor-adjunto da HRW para a região do Médio Oriente e Norte de África, afirmou em comunicado que "a comunidade Bahá'í no Qatar é alvo de décadas de discriminação e intimidação por parte das autoridades", que têm ignorado repetidamente as tentativas dos líderes bahá'ís de estabelecer um diálogo construtivo com o Governo.

Page alertou que "esta discriminação institucionalizada coloca em risco a própria sobrevivência da comunidade Bahá'í no Qatar". A comunidade bahá'í, com sede mundial em Israel, possui mais de sete milhões de seguidores globalmente e segue os ensinamentos de Bahá'u'lláh, um profeta nascido no Irão em 1817.

Embora a Constituição do Qatar proíba expressamente a discriminação com base em religião e assegure a liberdade de culto, a realidade das minorias religiosas, como a bahá'í, é bem diferente. Entre 2003 e 2025, a HRW documentou que cerca de 14 bahá'ís foram deportados por razões não justificadas, além da sua fé.

Sobre estes casos, a organização destaca a situação de um bahá'í iraniano nascido no Qatar, que foi forçado a deixar o país em março de 2025, sob a ameaça de expulsão por suposta "perturbação da ordem pública", sem qualquer explicação formal. A HRW também menciona o caso de Remy Rowhani, líder da Assembleia Espiritual Nacional Bahá'í do Qatar, deportado recentemente após um mês de detenção.

Rowhani havia sido libertado em janeiro de 2025, tendo cumprido uma pena de prisão de um mês por ter alegadamente recolhido donativos de forma ilegal. A HRW sublinha que, além das deportações, membros da comunidade enfrentam demissões do emprego e negativas a certidões de boa conduta, indispensáveis para a sua inserção no mercado laboral.

Relata-se ainda que muitos bahá'ís no Qatar temem fazer denúncias públicas sobre discriminação, receando retaliações e novas ações hostis. Para além disto, as autoridades têm procrastinado na autorização do restabelecimento de um cemitério bahá'í e recusado a aceitação de certidões de casamento emitidas por entidades bahá'ís.

A HRW ressalta que "a comunidade Bahá'í também enfrenta perseguições em várias partes da região, incluindo o Irão, onde são alvo de crimes contra a humanidade, e em países como o Egito e o Iémen".

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#DireitosHumanos #Baháí #LiberdadeReligiosa