Um aumento adicional de dez pontos percentuais nas tarifas dos EUA poderá resultar em uma perda superior a um ponto do PIB global, com implicações severas para a economia americana e para os seus parceiros comerciais.
O economista-chefe da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE), Álvaro Pereira, revelou hoje que um novo aumento de dez pontos percentuais nas tarifas dos Estados Unidos poderá custar mais de um ponto do Produto Interno Bruto (PIB) global ao longo de dois anos. Este aviso foi feito durante a apresentação do relatório "Outlook", que agora apresenta previsões bastante sombrias para os países membros da OCDE e para as principais economias emergentes.
Mathias Cormann, secretário-geral da OCDE, reforçou que, apesar da revisão em baixa das previsões, “existem riscos substanciais” que poderiam fazer com que os resultados finais fossem ainda mais desfavoráveis devido à incerteza política existente.
No caso de um aumento adicional nas tarifas, a OCDE estima que a economia global poderia perder cerca de 1,3 pontos do PIB em dois anos. As economias mais afetadas seriam os próprios Estados Unidos, junto com os seus principais parceiros comerciais, México e Canadá.
Além disso, países da América Latina, como Chile, Colômbia e Costa Rica, que têm economia fortemente dependente do comércio com os EUA, também sentirão os impactos negativos da guerra comercial iniciada por Trump.
Um dos efeitos diretos da escalada nas tarifas é o aumento da inflação nos EUA, o que poderá dificultar a redução das taxas de juro pela Reserva Federal, que era uma das expectativas do governo americano.
Em resposta a estes desafios, Cormann aconselhou a promoção de um “diálogo construtivo” para encontrar soluções para as atuais tensões comerciais.
A OCDE também revisou em baixa as suas previsões para o comércio global. Após uma recuperação inicial no início do ano, onde muitos industriais tentaram exportar produtos antes da implementação das novas tarifas, espera-se que o crescimento do comércio diminua significativamente, passando de uma taxa ligeiramente superior a 4% em 2024 para apenas 1,5% no início de 2026. Este valor é consideravelmente inferior à previsão de 3,5% que a OCDE havia estimado no seu relatório de Perspetivas em dezembro passado.