Aumento da Tensão entre China e Taiwan em Debate entre Xi e Trump

Nos últimos 37 horas, mais de 50 aeronaves militares chinesas sobrevoaram as áreas circundantes de Taiwan, coincidindo com uma conversa telefónica entre o presidente Xi Jinping e o seu homólogo norte-americano, Donald Trump, conforme revelou o Governo de Taiwan.

Durante um período de 12 horas, que incluiu a citada ligação, 38 aviões chineses, incluindo caças, bombardeiros, helicópteros e drones, foram detetados nas imediações da ilha, de acordo com um comunicado do Ministério da Defesa Nacional de Taiwan.

O ministério revelou que 35 das aeronaves atravessaram a linha mediana do Estreito de Taiwan, penetrando nas regiões norte, sudoeste e leste da Zona de Identificação de Defesa Aérea (ADIZ) da ilha. No entanto, garantiu que estas não ultrapassaram os limites da sua zona contígua, que se estende por 44,4 quilómetros a partir da costa.

Mais tarde, em uma atualização, o ministério mencionou que 21 aeronaves chinesas, incluindo caças e drones, se aproximaram da ilha principal de Taiwan entre as 15:45 e as 19:00 (hora local). Dessas, 15 cruzaram a linha mediana e penetraram em áreas do norte, centro e sudoeste da ilha.

Este é o maior número de incursões registradas desde 1 de abril, quando a China deu início a exercícios militares em larga escala ao redor de Taiwan. Durante estes exercícios, designados "Strait Thunder-2025A", a China simulou ações de controlo aéreo, bloqueios e ataques de precisão orientados para a ilha.

O aumento da atividade militar coincide com uma conversa entre Xi e Trump, onde Xi sublinhou que é fundamental que Washington se abstenha de atitudes provocatórias em relação a Taiwan, alertando que a ação de "separatistas radicais” poderia engendrar um conflito entre a China e os EUA. Estas declarações foram divulgadas pela agência oficial chinesa Xinhua.

Historicamente, Taiwan é marcada por um passado tenso, sendo o santuário onde as forças nacionalistas de Chiang Kai-shek se refugiaram após perderem a guerra civil para o Partido Comunista Chinês, estabelecendo a República Popular da China em 1949. Desde então, Taiwan tem governado de forma autónoma sob o nome de República da China, com uma estrutura política e económica distinta da RPC.

Considerada uma das democracias mais avançadas da Ásia, Taiwan é vista por Pequim como uma "parte inalienável" da República Popular da China, e a pressão chinesa sobre a ilha tem aumentado nos últimos anos, conforme Xi Jinping preconizou a reunificação como um dos seus objetivos a longo prazo desde que assumiu o poder em 2012.

Os Estados Unidos, por outro lado, continuam a desempenhar um papel central nas tensões entre a China e Taiwan, sendo o principal fornecedor de armas à ilha. Apesar de não reconhecer formalmente Taiwan, os EUA têm indicado a possibilidade de defesa da ilha em caso de um conflito com Pequim, provocando constantes atritos nas relações entre Washington e Pequim, que considera a "questão taiwanesa" como uma "linha vermelha".