Aumento da desinformação impulsionada por conteúdos gerados por IA preocupa RSF

A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) fez um aviso alarmante sobre o disparo da desinformação impulsionada pela inteligência artificial (IA), especialmente através de transmissões de rádio fraudulentas. Este fenómeno ilustra a utilização de vozes sintéticas e de 'deepfakes' que se apropriam de marcas de media, enganando cidadãos que confiam nesses símbolos de informação, conforme destacado no comunicado da ONG.

A RSF citou o exemplo da Rádio França Internacional (RFI), que em maio sofreu um ataque de identidade digital. Durante mais de cinco minutos, um vídeo utilizando vozes falsas, mas apresentando o logótipo da RFI, discutiu a candidatura do opositor Maurice Kamto nas eleições presidenciais de Camarões. A ONG notou que a conversa era artificial, com um tom robótico e formatada de forma que não respeitava os padrões editoriais da rádio.

Este não é um caso isolado, pois em abril, na República Democrática do Congo, um programa de rádio falso usou as vozes de dois jornalistas franceses. Essa transmissão pacificou uma suposta credibilidade ao conteúdo apresentado, que acabou sendo distribuído através de plataformas como WhatsApp, YouTube, TikTok e Facebook, acumulando mais de 100.000 visualizações.

Segundo Vincent Berthier, responsável pela tecnologia e jornalismo na RSF, “este tipo de conteúdo envenena o discurso público, perpetuando uma era de desconfiança e deteriorando ainda mais a credibilidade dos media." Berthier reforçou que as plataformas e as ferramentas de IA generativa devem incluir mecanismos eficazes para a identificação e validação do conteúdo, esclarecendo a origem das informações apresentadas.

A organização sublinhou a urgência para os meios de comunicação implementarem tecnologias que permitam a autenticidade do seu conteúdo, como forma de mitigar a propagação de informações fraudulentas e promover uma maior transparência nas plataformas digitais.