A Amnistia Internacional expõe ataques do Hamas a palestinianos que criticam o grupo, exigindo respeito pela liberdade de reunião pacífica em Gaza, num contexto de sofrimento generalizado.
A Amnistia Internacional denunciou, em comunicado, que o Hamas está a atacar manifestantes palestinianos que expressam críticas ao movimento islamita, qualificando tal comportamento de "repugnante". A organização defende que o Hamas deve respeitar a liberdade de reunião pacífica na Faixa de Gaza.
Segundo a ONG, foram documentados casos de "ameaças, intimidação e assédio", incluindo interrogatórios e espancamentos perpetrados pelas forças de segurança do Hamas contra pessoas que participam em manifestações pacíficas.
A Amnistia Internacional sublinhou que esta situação é especialmente alarmante face ao "genocídio em curso" em Gaza e à violenta escalada dos bombardeamentos israelitas que forçou milhares a abandonar as suas casas.
Desde 25 de março, os residentes de Beit Lahia têm organizado várias manifestações a exigir o fim da opressão israelita. Estas mobilizações têm atraído centenas, ou mesmo milhares, de palestinianos, que levantam cartazes e gritam slogans em crítica ao Hamas. Algumas pessoas chegaram a clamar pelo fim do governo do Hamas.
A organização entrevistou 12 indivíduos que participaram ou ajudaram a organizar os protestos. Destes, três mencionaram serem alvo de ameaças caso continuassem a manifestar-se. Os relatos incluem detenções em que os participantes foram levados para interrogatórios que não seguiram protocolos legais, sendo espancados com objetos contundentes e ameaçados com armas de fogo.
Um dos manifestantes, que perdeu vários membros da sua família num massacre, relatou a experiência traumática de ser considerado colaborador e traidor, destacando a indiferença das autoridades do Hamas perante o sofrimento da população.
A Amnistia Internacional apelou ao Hamas para que interrompa imediatamente as suas práticas repressivas contra todos aqueles que expressam a sua oposição. Erika Guevara-Rosas, diretora da organização, destacou que os relatos de abusos são alarmantes e violam gravemente os direitos à liberdade de expressão e reunião pacífica.
A situação em Gaza está a agravar-se desde o início da guerra, que se intensificou após o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, gerando um conflito devastador que já resultou em um elevado número de mortos e uma crise humanitária profunda.
Desde que o Hamas assumiu o controlo da Faixa de Gaza em 2007, tem imposto severas limitações à liberdade de associação e expressão, frequentemente respondendo a protestos com violência.