Rodrigo Queiroz e Melo afirma que a decisão do Governo é positiva, mas tardia e insuficiente. Defende uma abordagem centrada nas pessoas, não nas infraestruturas.
Rodrigo Queiroz e Melo, presidente da Associação dos Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo, manifestou a sua opinião sobre a recente decisão do Governo de criar 5 mil novas vagas disponíveis para crianças em idade pré-escolar em parceria com o setor privado. Em declarações prestadas no programa 'Esta Manhã' da TVI, o responsável destacou que, apesar de considerar a medida uma boa iniciativa, ela chega atrasada e revela-se insuficiente para suprir a real necessidade.
“O Governo anunciou que há uma carência de vagas, mas a verdade é que existem capacidades instaladas nas instituições de ensino particular e cooperativo. Devemos facilitar a escolha dos pais, mas esta medida, embora positiva, é insuficiente. É curioso que, tendo em mente uma falta de 10 mil lugares, apenas 5 mil estejam em concurso,” alertou Queiroz e Melo, que sublinhou os efeitos prejudiciais da falta de vagas, levando muitos pais a abandonarem o mercado de trabalho, enquanto recebem subsídios que poderiam ser evitados.
O presidente da AEEP frisou que “o sistema está mal estruturado,” enfatizando que o foco deve ser nas necessidades das famílias e não nas infraestruturas. “Precisamos de olhar para as pessoas em vez de termos uma abordagem meramente estatista,” defendeu.
Ainda sobre a questão financeira, Queiroz e Melo criticou o valor que o Governo destina aos privados para resolver a escassez de vagas, considerando-o inadequado. “Os 208 euros por criança e os 15 mil euros por nova sala de creche são claramente insuficientes. Se os salários das educadoras e auxiliares atingem valores tão elevados, não podemos esperar que esta quantia seja suficiente para a criação de novas salas,” afirmou.
Desta forma, ele concluiu que o sistema educacional necessita de ser revisto de forma urgente. “Após a recente mudança política em Portugal, onde a colaboração com o setor privado se tornou mais aceitável, é imprescindível que se reestruture o sistema para que os pais possam registar-se facilmente online e encontrar vagas disponíveis para os seus filhos,” salientou.