O Al-Awda, em Jabalia, continua a lutar contra um incêndio desencadeado por bombardeios israelitas, enquanto a situação humanitária no norte da Gaza se torna cada vez mais crítica.
O hospital Al-Awda, localizado em Jabalia, ao norte da Faixa de Gaza, enfrenta um incêndio que já dura há dois dias, consequência de bombardeamentos israelitas. Segundo Mohammed Salha, o diretor interino da unidade hospitalar, o ataque atingiu o terceiro andar do edifício, onde se encontra o armazém de combustível, num momento em que a ajuda humanitária é escassa e a insegurança alimentar aumenta, conforme alertam as Nações Unidas.
“Ontem [quinta-feira], fomos alvo de novos bombardeamentos no terceiro andar, atingindo o nosso armazém central”, revelou Salha em comunicado à agência EFE, ressaltando que os geradores também estão localizados na área afectada pelo fogo. O responsável alertou que, caso o fogo atinja o depósito de combustível, “será um desastre”.
Atualmente, 16 pacientes, 11 acompanhantes e 131 funcionários permanecem nas instalações do hospital, três dos quais sofreram ferimentos em ataques aéreos. Neste momento, as equipas de emergência da Defesa Civil tentam apagar o incêndio, mas o acesso a Jabalia é difícil e depende de coordenação com o Comité Internacional da Cruz Vermelha, devido às restrições impostas pelo Exército israelita, que considera o norte de Gaza uma “zona vermelha”.
Salha descreveu as condições de trabalho no hospital como muito precárias, numa situação em que a equipa está totalmente cercada há cinco dias, enfrentando penúria alimentar. “Não temos o que comer de manhã. A nossa alimentação tem sido escassa; por vezes, repartimos arroz ou pão, e se tivermos sorte, um pouco de feijão ou atum”, afirmou.
Este é o quarto cerco ao hospital desde o início da ofensiva israelita contra o Hamas em Outubro de 2023. O Hamas condenou a agressão ao hospital como “uma nova tentativa de destruir o sector da saúde”.
Embora Israel tenha autorizado a entrada de ajuda humanitária na região, 15 camiões do Programa Alimentar Mundial foram saqueados esta semana. Philippe Lazzarini, da UNRWA, destacou que a população de Gaza está a sofrer com a fome e que é necessário um aumento significativo da ajuda para atender às necessidades urgentes.
O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, classificou a situação como a “fase mais cruel” do conflito, condenando a intensificação das operações militares israelitas e a devastação generalizada. Até à data, a escalada do conflito resultou em mais de 53 mil mortos na Faixa de Gaza e a destruição quase total das infraestruturas locais.
A campanha militar israelita foi desencadeada após os ataques do Hamas em 7 de outubro, que resultaram na morte de cerca de 1.200 pessoas em Israel e na tomada de reféns, levando a uma escalada de violência que continua a ser sombria para os habitantes da região.